quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

As roupas velhas, o tempo e a mudança...

Memórias, som, espaço e tempo...

Mais uma noite chuvosa... e cheia de nostalgia.
Em meio a lembranças, embaladas ao som de Elis, num canto do meu quarto à meia luz... ouvindo o burburinho da chuva nas telhas... Encho-me de melodias, poesias, sons, cores, olhares, sabores, cheiros.
É sempre tudo tão instigante, tão confuso, tão nítido. São contrastes de uma saudade do que se foi e uma querencia louca do que poderia ter sido, mas não foi.

Detalhes guardados em dois baús, meu bauzinho de lembranças com alguns e-mails impressos, mensagens, papel de bombom, bilhete de cinema... Chaves que abrem o baú da mente, que quando aberto arrepia a pele que ainda sente o toque único que me fazia suspirar.

Na velha radiola Elis me diz "No presente a mente, o corpo é diferente. E o passado é uma roupa que não nos serve mais"... Esse trecho de "Velha Roupa Colorida" me lembrou Fernando Pessoa quando dizia com maestria "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo... E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares... É o tempo da travessia e se não ousarmos fazê-la teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos..."

Esquecer aquilo que amamos é sempre difícil, não porque não sejamos capazes, mas, pelo fato de que por dentro a alegria das lembranças ainda nos inebria a cada cena repetida na memória. A velha radiola agora ao som de Lenine, questiona: "Quem vai virar o jogo, e transformar a perda, em nossa recompensa?" 
Quem vai? Eu preciso ir, virar o jogo, mudar a pagina... seguir em frente.

Depois de tanto tempo esperando, chorando, sonhando. Aprendi que preciso deixar algumas coisas de lado, olhar para frente e deixar o que ficou para trás.

Esquecer eu sei que não posso, então a solução é lembrar! Lembrar do que foi bom, e guardar naquele cantinho onde guardamos o melhor da vida que já não volta mais, como o primeiro beijo, as brincadeiras do jardim de infância... Sem se arrepender... sem mágoas... E mesmo que ao me deitar eu ainda pense em você e reze baixinho para que um dia Deus possa fazer você perceber que o que falta em você sou eu... eu seguirei.

Vou lembrar que a vida segue em frente e venha o que vier, estarei pronta para enfrentar... Pois, as tristezas da vida servem de degrau para uma felicidade muito maior do que se pode imaginar...
E essa felicidade pode estar bem de baixo do seu nariz, mas enquanto você olhar para o passado o presente não acontece e o futuro não chegará.

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